SURF NA PRAIA DE JUQUEHY | PARTE 2

por Edinho Leite.

Achava legal e difícil, tudo ao mesmo tempo. Ser o mais novo da turma me mantinha seguro. Havia quem tomasse conta de mim, mostrasse o caminho. Por outro lado, me causava enorme insegurança duvidar de minhas próprias decisões e opiniões. Os mais velhos, ou seja, toda a turma com quem eu andava, pareciam sempre saber mais do que eu. Essa talvez tenha sido minha única certeza durante um bom tempo.

PRAIA DE JUQUEHY EM 1974

Tinha 13 anos de juventude em 1974. Começar a surfar tão bem quanto os outros e até melhor do que alguns, ao menos era o isso que acreditava, começou a me dar um novo e maior grau de confiança. Era criança, mas como podia fazer manobras que alguns não acertavam, comecei a acreditar mais em mim.

Por ter uma casa em Juquehy conhecia o pico melhor do que a maioria. Isso e minha coragem, ou falta de noção (prefiro corajoso), me fornecia certa vantagem sobre os demais. Outra injeção de autoconfiança.

Lembrem-se, não havia muita informação, câmeras gravando, mostrando tudo nas redes e autonomia era algo um tanto distante da nossa “molecada”.

NOVAS DESCOBERTAS NO LITORAL NORTE

Por anos, olhando da praia ou de algum ponto mais alto em Juquehy, observava, nos dias de ondulação grande, o famoso “Sorriso” que quebrava no meio do mar. Um pico que se desmanchava entre As Ilhas e o Montão de Trigo. E cerrando mais os olhos, via o que me parecia uma direita lambendo a alta costeira esquerda do Montão. “Olha lá... Óia, óia!”.

Riam da minha cara e me mandavam passear.
Nunca consegui ir até lá de canoa com mar grosso. Calava.

o diamante…

Lá por volta do ano 2000 (sou péssimo com datas), lá estava eu, na direita que resolveram chamar de Igapenunga, no intuito de mantê-la secreta. Sim, era a onda que eu via desde criança, rolando ao lado do Montão de Trigo.

Tive o prazer de participar e escrever a primeira matéria sobre o pico para o Jornal NUTS, do qual fui editor. Depois gravamos, pela ESPN, matéria naquelas ondas. Trinquei o queixo ao ser arremessado na bancada de pedra por uma onda com muita influência de Leste e os berros de “vai, vaaaaiiiii”, do Erick Miakawa.

Na volta para Barra do Una, no barco do Sobral, quase naufragamos. Naquela noite nos divertimos assistindo às ondas que havíamos surfado. Fui dormir com dor no queixo inchado, mas com uma felicidade que me abraçou ao constatar que aquela criança, sim, tinha razão. Óia, óiaaa...

...Se você vê, acredite.

OBS.: Pessoas mais velhas podem saber mais, porém, muitas vezes, enxergam menos.

o surf é cheio de histórias iradas

Quer acompanhar mais histórias e dicas com Edinho Leite? Fiquem ligados em nosso blog e redes sociais. Quer escrever suas próprias histórias no surf com Surf’s Up? Clique no botão abaixo, reserve sua prancha e GO SURF NOW!

Previous
Previous

Surf na Praia da Macumba: Descubra o Paraíso Carioca

Next
Next

SURF NA PRAIA DE JUQUEHY